sexta-feira, 7 de abril de 2023

Se você mora no Brasil sabe com certeza que hoje é dia de não comer carne. Mesmo que você não siga esse costume, você tem muitos amigos que não comem, não é? Mas o que aconteceu na história da humanidade que até hoje existe esse costume entre os cristãos (principalmente católicos)? Há cerca que dois mil anos atrás (um pouco mais) Jesus foi preso, torturado, julgado, condenado, crucificado e morto, por ter se declarado “rei”, “filho de Deus” e claro por ter colocado o poder dos sacerdotes judeus em risco, já que resumiu as leis mosaicas em dez e estava levando muitos seguidores consigo, por seu discurso de amor e por suas curas. A história todos nós já ouvimos falar, mas será que já paramos para pensar o que realmente significa a Semana que antecede a Páscoa? Nessa semana, cristãos de todo o planeta voltam a atenção para os ensinamentos de Jesus. O maior ensinamento desse Mestre Crístico é: PRATIQUEM O AMOR E A CARIDADE. Jesus sabia de tudo que iria acontecer com ele, no Evangelho de João (Cap. 17, versículos 1-26), encontramos a linda oração que Jesus fez pouco antes de ser preso (dizem ter sido de quinta para sexta). Nela, Jesus não pede nada para ele. Ele não pede para não sofrer, nem para ser rápido, nem para não acontecer. Ele pede por nós. Ele pede ao Pai maior, que nos proteja. Ele sofre por nos deixar aqui na Terra, materialmente, pois ele diz claramente, que aqui estava antes da formação de Nosso Planeta, e permanecerá conosco até que cada um de nós encontremos o caminho da luz. ‘É por eles que eu rogo, não pelo mundo” diz Jesus. E aqui, proponho a seguinte reflexão: O importante não é material. O que é importante verdadeiramente para nós: amor, relações familiares, paz no coração. Todos nós queremos a mesma coisa: ser feliz. Não dá para sermos realizados plenamente se nossos irmãos sofrem. Não podemos fechar nossos olhos, somos um sistema. Como o corpo humano, um sistema trabalhando juntos, se um órgão falhar, ou outros se sobrecarregam até começarem a falhar também. Quando dizem “Só Jesus salva”, não esperem que ele virá, te pegará pela mão e te levará ao paraíso. Se isso fosse verdade ele teria levado todos os judeus que os seguiam com ele. O que nos salvará é: SEGUIR OS ENSINAMENTOS DE JESUS. Praticar a caridade, o amor ao próximo e o amor próprio. A parte material é muito importante, e eu nunca disse que não podemos ser ricos, comprar roupas caras, ganhar dinheiro (licitamente, sempre), namorar, beber, passear… tudo isso faz parte de nossas vidas, mas, para curar essa sociedade doente, precisamos nos unir. Precisamos olhar ao lado, enxergar a humanidade como uma irmandade. Menos discurso de ódio, menos julgamento, mais amor e acolhimento. Boa sexta feira santa. Reflitam, orem e sintam-se preenchidos com o amor e a dedicação de Jesus!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

TECENDO SUA HISTÓRIA

Quando eu fui mãe pela primeira vez, me senti num limbo. Já retratei essa situaçã mitas vezes em variadas situações. Nesse texto somente vou dizer que foi difícil, que precisei buscar ajuda, médica, psicológica e espiritual. Assim que consegui dar uma respirada, fui estudar o assunto. O que era esse tal puerpério? E percebi que muitas mas muitas mulheres passam por esse lugar, nebuloso, sombrio, frio, amedrontador e sai dele sem entender o que foi aquilo. Sem retirar dele o que ele tem de bom pra dar. Pode parecer estranho, mas na minha concepção de vida, tudo nos ensina, e aquilo que nos causa dor ou desconforto pode ser nosso melhor professor. Nós, mulheres, que nos tornamos mães por querer ou por desleixo (contém irônia) não somos legitimadas a sofrer pela maternidade. Quando uma mãe reclama do peso e do cansaço, é vista como malagradecida, ingrata, egoísta. Afinal, tanta gente querendo ser mãe e você reclamando? Ou, seu filho é lindo e saudável, é pecado você reclamar. Mas o que as pessoas não entendem é que não estamos "reclamando" da maternidade. Que ser mãe num cenário onde todos se ajudam, se acolhem, se respeitam seria maravilhoso. Mas essa quase nunca é a realidade materna. Meu caso, e da imensa maioria de mães que eu atendi e ainda atendo, é solitude, deserto, desespero e medo. Falaremos disso em outra oportunidade. Mas, ainda no puerpério, li sobre um tal provérbio africano onde se diz que é preciso uma vila inteira para se educar uma criança, e assim, eu imaginei, um lugar onde as mulheres pudessem encontrar outras mulheres, umas com filhos e outras não, as que não tivessem filhos poderiam ajudar as que tinham, e as que tinham poderiam relaxar um pouco com a ajuda das outras. Sim, eu conheci um lugar assim, e se chamava "casa girafa" de onde eu trago grandes amigas que eu amo, mas, a casa girafa fechou. Fato é que, quando eu frequentava a casa girafa, já fazia uns atendimentos terapêuticos por lá, um projeto começava a nascer, e nas terras da Bahia, numa viagem que fiz com minha mãe, já no quarto ano de um segundo puerpério, eu avistei uma aranha tecendo uma teia. Eu estava sentada numa rede e conforme a rede balançava a teia sumia, e aparecia, ora eu via só a aranha, ora eu via ela e a teia. E então, eu pensei: "olha só, a aranha está tecendo sua teia, onde ela irá morar, colocar seu ovo, nascer seus filhotes. Dependendo do meu ponto de vista, só existe a aranha, se mudo o lugar que eu olho tem a casa toda dela, a maneira de tecer, de fiar sua história. E então, como que um sussurro me soprou... "Tecendo sua História". Nascia um projeto, em 2019, setembro, em Arraial d"Auda, um dos lugares mais mágicos para mim... onde o objetivo é auxiliar as mulheres a escreverem suas histórias, com informação, conhecimento e propriedade. Entendendo de onde veio e sabendo para onde quer ir. Se apropriando de seu protagonismo, entendendo que ninguém nunca será responsável por sua infelicidade. Que quando ela acredita que alguém é o causador de sua dor, de seu problema, ela também deixa de ter o poder de resolvê-lo, e isso é ilusão, comodismo. Tecendo Sua história é o projeto de uma vida mais feliz, mais segura, onde eu entendo que eu sou a única pessoa capaz de mudar a minha vida e minha história. Que ninguém pode querer por mim, eu não mudo ninguém, então ninguém pode me mudar, apenas se eu permitir. Quantas de vocês não trazem uma visão de voês que não foi construída por vocês? Crescemos escutando que somos isso, ou aquilo, que fazemos bem isso e mal aquilo, e não paramos para observar se isso faz mesmo sentido. Nossas dores nascem de questões que muitas vezes não estão conosco, nem são nossas. Ou muitas vezes deixamos de fazer o que sonhamos a vida toda porque alguem disse, fez, ou deixou de fazer algo. Não fazemos dieta porque na nossa casa todos comem doce, não fazemos faculdade porque precisamos ajudar nossos pais a pagar as contas e precisamos trabalhar, não dançamos ballet porque temos a perna muito grossa, enfim, a culpa (motivação) nunca é nossa, sempre do outro. Não. Eu não faço dieta porque eu tamebm quero comer os doces, não faço faculdade porque se me tornar independente vou quebrar minhas lealdades familiares e não danço ballet porque eu tenho vergonha do que vão pensar de mim. Eu eu e eu. Se eu saio do lugar de vítima e vou pro lugar da pessoa que pode resolver, eu sou única e totalmente responsável pelo sucesso ou fracasso dos meus objetivos! Hoje eu assistia uma aula da Filósofa Lucia Helena Galvão na internet e em um trecho ela dizia mais ou menos assim: " nós viemos ao mundo para falar uma palavra, aquela palavra sagrada que só nós podemos falar, e antes de tombarmos precisamos dizê-la, porque viemos para esse mundo, somente para fazer isso. Dizer a palavra sagrada". Dentro do contexto da aula dela, isso significa que, cada um de nós viemos para esse mundo para fazer algo. Algo que somente nós sabemos. É aquilo que sua alma clama, aquilo que você anseia, deseja, ama... escrever, correr, cantar, pintar, falar, construir, qualquer coisa que só você sabe. É algo que já vem combinado... "vai lá e faz ISSO", sirva ao seu propósito! Mas, as pessoas se boicotam, deixam que os outros ditem o que é "melhor" para elas... não ... não vamos mais fazer o que é melhor na visão do outro. Vamos olhar para dentro, vamos escutar o que nossa alma pede... vamos dar ao mundo o que ele espera de nós. Tecendo sua história... você, autora da sua biografia. Mergulhe profundamente em si mesma, pergunte, escute a resposta e viva a sua verdade.

sábado, 10 de setembro de 2022

A CRIANÇA É FEITA DE CEM e as coincidências da vida

"Eu nunca havia escutado sobre ele, tão pouco conhecia essa linda poesia. Loris Malaguzzi, nasceu em 1920, próximo á Bolonha, Itália. Em 1940, começou a dar aulas nas escolas primárias da região após se formar em pedagogia. Foi assim até o fim da guerra, quando soube de um movimento na cidade de Reggio Emilia, onde mulheres (e homens aos finais de semanas) construíram escolas das ruínas da guerra, com resto do que foi deixado, e a venda de alguns cavalos. Após algum período observando as crianças e suas dificuldades, Loris percebeu que as crianças aprendiam consigo próprias : “tudo sobre as crianças e para as crianças somente pode ser aprendido com as crianças”. Assim nasceu o método Reggio Emília Não conhecia mas já amei e sempre pensei isso, como a gente coloca esses seres dentro das caixas... por isso, vamos olhar para eles desde quando estão na barriga. Para a gestação, para o nascimento, os primeiros dias, meses... Olhar para eles como seres independentes, únicos, com sonhos a serem respeitados, momentos de desenvolvimentos. Eles dão conta. Eles dão conta!!!" Algum tempo depois, mudei meus filhos para uma escola bem construtivista, mas na minha opinião, construía além do que eles podiam dar conta, principlmente o Gael. Eles vinham de uma escola muito conteudista e tradicional ao extremo. Regime alemão. De repente ir para uma escola ao ar livre, onde a criança podia tudo, sem muitos limites... a professora chegava todo dia atrasada, além de ser muito longe da miha casa. E, em setembro começamos procurar uma outra escola para o ano seguinte e eis que chego numa escola... adivinhem? Método Reggio Emilia, bem pertinho da minha mãe e sogra e ainda tinha a oportunidade de me fixar lá perto com meu consultório. UAU. Fomos conhecer e nos apaixonamos, os meninos mudaram de escola no mesmo dia. Claro que como toda escola não é perfeita. Mas eu fiquei muito feliz com a escolha. Espero que eles fiquem lá até formarem. A poesia que posto agora foi o que me emocionou de cara. Carol, uma psicomotricista que declamou no meu curso de 'personal baby': A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar, de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem), mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar, De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem, roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação, O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário, as cem existem. Loris Malaguzzi" Se isso não é lindo e perfeito eu não sei de mais nada...

quarta-feira, 6 de julho de 2016

RELATO DO PARTO DO PEDRO

Queria contar desde gestação do meu primeiro filho, porque acho que tudo está conectado, mas depois pensei que vai ficar tão grande que ninguém vai aguentar ler, rsrsrs, então vou resumir muito o antes pra chegar logo na segunda, dia 23 de maio. Meu primeiro filho Gael nasceu numa cesárea eletiva. Fomos pra cesárea porque estava com pouco líquido, com 38 semanas e 1 dia. Fiquei muito triste, porque eu queria muito um parto normal, mas não rolou e então, a cesárea não deixou ele mamar na primeira hora, não tivemos contato pele a pele, e ele ficou no berçário quase 5 horas. Eu sentia muitas dores no pós parto e tomava remédios fortes, então sentia muito sono e cansaço, ele não mamava direito, não ganhava peso e eu chorava, chorava e chorava. Passei quase dois anos num puerpério doloroso, triste, quase insano, até hoje não sei como meu marido aguentou o tranco. Eu fiquei bem louca mesmo! Mas tudo passa, e no decorrer do puerpério conheci algumas pessoas muito especiais que me ensinaram muito sobre o parto humanizado, a criação com apego e amamentação. Fiz cursos, Gael mamava ainda e mamou até dois anos e meio e eu fui me encantando por esse mundo da humanização. E quando Gael tinha dois anos eu fiquei grávida de novo. Sabia que esse bebe nasceria quando quisesse, da maneira que quisesse. E assim foi. O bebê, que era um feto até então, resolveu que não iria nascer. Por algum motivo, Olívia nossa filha do meio parou seu desenvolvimento no meu útero com 14 semanas. Desde o começo foi uma luta, uma espera sem fim. Fiquei grávida com sangramento que nunca parou, quando eu achava que tudo estava perdido, fiz um ultrason com 9 semanas e ala estava lá. Coração batendo, cabecinha e tronco. Tudo ótimo, exceto um coágulo grande. Muito repouso, muito medo, Natal, Ano novo, outro ultrason e um silêncio ensurdecedor... um nada.... um embrião, sozinho, solto numa imensidão... parou o desenvolvimento e eu chorei... muito, dias, meses... Não aceitei a curetagem, fui pra casa, e comecei a fazer várias, coisas que não fazia há dias, faxina, pegar meu filho no colo, correr com ele no parque... três dias depois, cólica, cólica, cólica e fui pro banheiro, liguei o chuveiro e lá passei quatro horas, expelindo o que era minha segunda filha. Lá, rezei, agradeci a Deus pela oportunidade, briguei com ele também por me tirar o direito de pegar minha pequena no colo.... saiu a bolsinha inteira. Sentei no chão e lá ficamos por meia hora, eu e ela... fizemos a passagem! Depois disso eu já não sabia se queria ter outro filho e oito meses depois eu e meu marido decidimos não ter outro filho. Gael já estava com quase 3 anos, as coisas estavam calmas, ele na escola, fizemos planos pra viajar, estudar, trabalhar e no mês seguinte eu descobri que estava grávida de novo! Depois do susto, que durou uma ou duas semanas, a gravidez foi desenvolvendo e eu comecei buscar uma equipe e somente com 16 semanas eu encontrei exatamente o que eu queria. Fechei com Dr Braulio, que conhecei por intermédio da enfermeira da equipe dele Bárbara Grande (uma pessoa encantadora, muito competente e de um coração maior que o mundo). Para falar rapidamente da escolha da equipe (quem quiser pode pular pro próximo parágrafo), eu conheci o Alexandre Coimbra Amaral, através de um contato virtual de uma mulher incrível, a Anne Sobota, que me disse que “se eu quisesse aprender sobre humanização ELE era o cara” então, eu fui fazer um curso, que virou uma vivencia, que na minha opinião, foi mais importante do que minha formação na faculdade, me ensinou muitas coisas, me apresentou muitas pessoas incríveis, e lá eu conheci a Barbara, Enfermeira Obstétrica e já me apaixonei por ela. Ano mais tarde fizemos outro curso juntas, com o Alexandre (Xande) e fiquei sabendo que ela estava trabalhando com o Dr Braulio. Nesse segundo curso conheci a Isadora, terapeuta em Body Talk, que me identifiquei muito. Na minha cabeça, se eu tivesse outro filho estava muito resolvido que minha equipe tinha que ter passado por algum curso, ou algum contato com o Xande, como que se, sem ele a pessoa não seria completa... tinha que ter um algo de Xande na minha equipe! Minha primeira opção de doula era e sempre foi a Ligia. Minha amiga, com quem trabalhei, conversei, me abri... massssss, Deus quis que Pedro e Yara fossem amigos, e assim, mandou os dois ao mesmo tempo... ela estava gravida com DPP bem próximo ao meu, acho que eles nasceram com menos de 10 dias de diferença, e então, chamei a Isadora, terapeuta, humana, pintora de barrigas e Doulaaaaa! Um aparte para dizer que, a doulagem da Isa incluía sessões de Bodytalk, As vezes o corpo, que deveria ser um relógio, trava... engripa! Então, o bodytalk vai desengripando, vai encontrando nós e os desfazendo, é “um processo terapêutico quântico que trabalha com a escuta da inteligência inata do corpo e das informações armazenadas nas células”. Oou seja, foi incrível colocar tudo no alinhamento, cabeça, corpo, espirito, emoções. Eu realmente estava me preparando para parir. No terceiro trimestre descobrimos que o Pedro era um bebê GIG (grande para a idade gestacional) e então fui informada pelo GO sobre as possibilidades e riscos. Induzir seria uma forte possibilidade. Eu sentia muitas dores, contrações, mas não ritmavam, só incomodava, não me deixavam dormir direito. E então, após dois ultrassons que confirmaram que com 38 semanas ele já pesava mais de 4 quilos. Tentamos dar uma forcinha e o Braulio deu uma descoladinha de membrana no consultório (doeu bastante). Não tinha nem sinal de nada. Uma semana depois e nada... só cólicas, dorzinhas e nada. Eu fiquei triste, irritada... chorava... não queria induzir, tinha medo da dor. Fomos na consulta e 3 dedos de dilatação! Eu feliz... mas nada de TP....Achei que o fato do meu filho mais velho estar em casa estava travando o parto, por que eu estava muito preocupada com ele, onde ele ficaria, como ele ficaria, e se fosse de madrugada, tirar ele de casa as pressas... então numa quinta feira, mandei ele pra casa da minha mãe e fui fazer acupuntura para tentar induzir naturalmente! Passou o final de semana e nada.... acupuntura, mais muita reza e chás e caminhadas e banhos quentes, e segunda feira, decidimos induzir (39 + 1). No consultório já estava com 4 cm de dilatação e o colo estava propício para a indução. Dr Bráulio terminou de descolar a bolsa. Cheguei no SL perto de duas da tarde, mas como era semana de feriado estava lotado, só consegui um quarto as 17, e isso porque a Barbara deu uma chamada no pessoal. Enfim, logo começamos com a ocitocina e as contrações começaram imediatamente. Mas eram leves, algumas mais doloridas, mas bastante suportável. Onze horas paramos a ocitocina fizemos um toque e estava igual, e o bb estava alto, mas o colo estava bem molinho. Dormimos. A Barbara num sofá, meu marido em um colchão e quando deu duas horas as contrações me acordaram. Elas começaram a vir doloridas, e eu dormia entre elas, um cochilo, até que começaram a vir mais fortes e eu resolvi levantar pra andar, pra ele descer. Logo meu marido levantou pra me ajudar, porque eu comecei a gemer mais alto. Seis da manha voltamos com a ocitocina. mas eu já estava com bastante dor, chamei minha doula (que já tinha passado lá a noitinha e feito uma sessão de bodytalk e reiki). Era aniversário da minha mãe, e eu me perguntei se gostava ou não desse fato. As dores aumentaram consideravelmente, mas o cardiotoco não marcava as contrações como boas, e eu ficava frustrada, porque doía muito e como podia não aparecer na maquininha??? As dores aumentaram e eu estava enjoada, vomitei duas vezes, e acho que depois disso fizemos um toque e estava com quase 7!!! Eu já estava em pé desdás 4, se eu sentava e a contração vinha era muito mais dolorido, então eu resolvi ficar de pé direto. As dores estavam bastante fortes e colocar camisolinha e sentar na cadeira de rodas era uma tortura. Graças a Deus as contrações deram uma tréguinha até chegar na sala de pré parto. Cheguei lá e já fui pro chuveiro, em seguida a Isadora (doula) chegou, depois apareceu Oswaldo, que tinha ido tomar café e a Barbara. Daqui pra frente já não sei muito as ordens das coisas. As dores vinham com muita força e não iam embora. Eu ficava com dor o tempo todo, ela aumentava muito e diminuía, mas não parava. Isadora entrou praticamente no chuveiro comigo e ficou segurando o chuveirinho na minha lombar as vezes eu pedia pra colocar na minha barriga. Acho que era umas sete e meia mais ou menos. Durante uma hora aproximadamente eu controlei muito bem as dores. Quando a onda vinha eu dava três respiradas profundas e ela melhorava muito. Eu ia vocalizando e estava totalmente sintonizada com elas. Cada vez que eu me acostumava com a dor ela aumentava, e quando aumentava me dava um certo desespero, e então eu ia me familiarizando com ela novamente. Eu ia conhecendo a intensidade, a duração, e quando parecia que eu ia dar conta dela, aumentava. Nesse momento eu pensei muito no meu filho mais velho. Se ele ia sofrer, se eu ia conseguir ser a mesma mãe com ele, se eu ia dar conta, se eu ia amá-lo do mesmo jeito que antes. Eu tentava me conectar com meu anjo da guarda, com meus ancestrais e não conseguia. E então me veio na cabeça que, há 64 anos atrás, minha avó que eu não conheci, estava em trabalho de parto pra dar a luz a minha mãe. Aqui abro um parêntese pra falar rapidamente de uma crença de família. (A avó da minha mãe, deu a luz a duas meninas, gêmeas, e a segunda menina nasceu com fórceps. Minha bisavó não resistiu ao parto difícil e morreu. Minha avó sofreu a vida inteira com crises epiléticas por conta desse nascimento – essa é a história que a família acredita, não eu, pra mim o fato e outro, mas, enfim...para essa família, parto normal não é seguro, ele mata e deixa sequelas). Nessa família que não curte o parto normal, eu era a primeira mulher a parir depois dessa avó! E no mesmo dia em que ela pariu sua primeira filha! Isso me deu muita força e me emocionou demais. Me lembro de ter dito isso pra Isadora! (há 64 anos minha vó estava em TP tb). Outra coisa que acontecia era que, quando a contração vinha eu precisava estar em contato visual com o Oswaldo. De preferencia tocá-lo. Se ela viesse e ele não estivesse no banheiro a dor era quase insuportável. De repente a bolsa rompeu! E então, a dor aumentou, muito, e eu me desesperei, muito. Junto a isso o acesso da ocitocina saiu da minha mão, e eu me desesperei mais ainda, porque se tivesse que pegar outra veia eu não ia aguentar, ficar parada. Eu pedi pra não por, e a Barbara me alertou sobre a possibilidade do TP perder um pouco a força e se isso acontecesse ia ter que colocar. Não aconteceu, pelo contrário, aquela dor agora aumentava mesmo antes de eu me acostumar com ela. E junto dela vinha um desespero, parecia que eu ia morrer... Estava durando quase um minuto, e eu não conseguia mais controlar a respiração, eu dava três respiradas longas, na quarta eu começava a gritar, a chorar, a chamar marido, a pedir pra parar... Lembro da Isadora fazendo bodytalk e pedindo permissão pra abrir o colo e Pedro descer, e quando eu disse ok a dor veio imensa... eu chorei. E nessa hora eu já estava cansada, com fome, com dor nas pernas e nas costas de tanto tempo em pé. E aquele medo da morte que não passava. Mas não era medo de morrer, era um medo de morte... quando Pedro já estava com 15 dias eu percebi que medo era esse. Eu tinha medo de perde-lo! Meu corpo estava pedindo pra eu fazer força, pra eu agachar, ele estava pedindo pra nascer mas ali, no chuveiro, olhando para o ralo me remetia a perda do meu bebe (Olívia). Era como se ele fosse sair e escorrer pelo ralo. Como eu não conseguia identificar isso, eu só me desesperava. Então eu perguntei pra Barbara se eu podia tomar anestesia, e ela disse que sim, mas que não era isso que eu queria. A Isa disse que não ia dar tempo e isso me animou um pouco. Então eu pedi pra ir pra banheira e o delivery estava sendo limpo e eu só pensava na banheira pra ver se a dor melhorava. Barbara fez um toque e deu 9!!! Caracas, estava quase.... e então o Braulio entrou... nossa... as dores continuavam mas por um momento o tempo parou. Se ele chegou tava perto, eu pensei. Ele veio bem perto do meu rosto e disse que estava indo bem, que estávamos com 95% completos e que faltava pouco, então nós fomos pro delivery e eu já queria entrar na banheira (que eu nem vi a cor). Bráulio me disse que lá iria ser um pouco incômodo, ter que ficar saindo pra ouvir o coração do Pedro. Me ofereceu o banquinho e o ferro da cama pra me apoiar. Me deu vontade de fazer força, força de coco. Marido sentou atrás de mim e quando vinham as dores eu levantava, e gritava muito, e parecia que ele não ia nascer. E eu perguntava pra ele se não dava pra puxar (doida). E então ele me mostrou o espelho e eu vi a cabeça dele. Me deu um alívio e ao mesmo tempo um desespero. Ele estava lá, já dava pra ver, mas eu já estava tão cansada e com tanta dor que eu não sabia se conseguiria fazer mais força ainda. Em seguida, comecei a sentir arder, era o círculo de fogo. Me lembro de ouvir alguém dizer que a Silvia (neonatologista) chegaria em 20 minutos e tive a impressão de também ouvir que eu não ia esperar, não sei se alguém disse ou se fui eu mesma quem disse, só sei que eu comecei a fazer força... loucamente! Me esticava e gritava e fazia força até o ar acabar, com raiva, não de alguém, mas de estar ali, sentindo dor, como se alguém fosse culpado dele ainda não ter nascido. Braulio me acalmava e me dizia que tava perfeito. E então ele desceu, e o Bráulio disse coloca a mão e a cabecinha dele tava lá. Dava pra sentir... eu fiquei feliz e ao mesmo tempo desanimada porque eu já tava tão cansada que eu achava que não conseguiria fazer força. Mas eu conseguia, simplesmente fiz força, como se não houvesse amanhã. Pensei, se lacerar costura, mas eu não aguento mais, e então fiz força e ele veio. Não dá pra descrever exatamente o que senti na hora. É algo inexplicável. Um barulho que se faz por dentro seguido de um silêncio, é um virar do avesso, passar num túnel... Não é uma sensação, é um sentimento sem nome... não é dor, não é medo, não é amor... é vida, é força, é poder, é Deus falando dentro da gente sem usar nenhuma palavra. Em seguida do nascimento a Silvia chegou, dizendo que ele estava bem. Depois do nascimento tive um pouco de hemorragia, então a Barbara colocou ocitocina de novo pra parar. A placenta demorou a sair, mas depois saiu. Eu tomei alguns bons pontos, mas Pedro nasceu, com 53 cm e 4560kg. E foi tudo do jeito que eu quis, um parto natural, sem intervenções, sem anestesia, Pedro mamou por quase duas horas... Infelizmente TEVE que passar pelo berçário porque nasceu muito grande e poderia ser diabético. Mesmo a Silvia (neonatologista) dizendo que ele não era não adiantou. Foi bem rápido e logo estava no quarto. Em pouco mais de 24 horas estávamos em casa. E só depois de escrever que eu vi a gravação e então notei que o expulsivo foi mais rápido que eu pensei, pra mim tinha durado 2 horas, mas acho que foi 40 minutos, pela gravação. E que a ordem está bagunçada, mas eu não mudei porque o que vale é a minha sensação. De tudo que aconteceu eu só me arrependo de não ter tirado uma foto com a equipe! Se eu tivesse mil filhos eu os teria com essa equipe! Agradeço-os imensamente, infinitamente... eles foram sensacionais! E meu marido, foi incrível, companheiro, paciente, depois que descemos, né amor? Antes acho que ele não tava botando fé que ia engrenar! :P Deus... obrigada! BB: Pedro Mãe: Juliana Pai: Oswaldo Irmão: Gael Equipe: Dr Bráulio Zorzella (GO) Bárbara Grande (EO) Dra Silvia Maia (Neonatologista) Isadora Ribeiro (Doula)

sábado, 28 de junho de 2014

Parem o casamento, meu filho quer mamar!

Nunca tinha parado pra pensar na importância dessa foto na minha vida! Em novembro do ano passado resolvemos oficializar nossa união, que já tinha cinco anos e pouco. Eu estava muito insegura, porque meu filho na época com 1 ano e dois meses não gostava muito de barulho, passava quase o dia todo sozinho comigo e eu iria ter que arranjar alguém para ficar com ele. Gael foi o motivo da gente querer fazer essa festa e comemorar com nossos amigos, pois estávamos completos e nada poderia ser melhor do que curtir com todos. Dois dias antes da festa Gael teve febre, e eu fiquei arrasada, porque eu ficava pensando que o melhor pra ele era eu estar com ele, e eu não estava conseguindo me dedicar... tava na loucura, como qualquer noiva. Fiquei muito com ele, dei muito peito, ficamos muito tempo juntos. No dia fomos juntos pro meu dia da noiva e confesso que eu estava bem mal humorada, porque eu queria ficar quieta com meu filho e a mocinha do salão queria me paparicar e ficava me apressando e eu rosnando pra ela... A febre do pequeno não passava e eu dava analgésico e tinha vontade de chorar. Resolvi me vestir em casa, pra poder fiar mais tempo com o pequeno, voltei com minha mãe pra casa dirigindo. A festa foi no salão do meu condomínio e da janela da sala eu via os convidados chegando. Vi marido ficar pronto, lindo... arrumei o pequeno e o pai levou ele pra baixo. Me arrumei com a minha mãe... eu minha mãe e o fotógrafo... amigo querido da família Foi um momento muito especial, porque era meu segundo casamento, e sem desmerecer o primeiro, esse era tudo muito deferente, com muita presença e muita emoção. Desci com meu pai, entrei no salão chorando, não aguentei ver meu pequeno no colo do pai. Os dois me olhando e eu pensava, "Obrigada meu Deus, nada pode ser melhor do que essa família!" Decidimos não ter padrinhos, um amigo em comum falou umas palavras e depois o Reverendo amigo da família abençoou. Nós queríamos que o mais importante fosse os nossos votos... e foram... muitos convidados choraram. Meu filho também, chorou muito... e minha mãe não viu meu casamento, ficou com o pequeno lá fora. Quando acabou, peguei ele no colo, com aquela carinha de dodói... e ele tava tão tadinho... subimos pra tirar foto e eu disse agora preciso amamentar o Gael... e fiz... no Hall da Piscina, sentada no banco, vestida de noiva, e ele mamou e eu chamei o fotógrafo e disse, faz de conta que estou dando uma mamadeira, fotografa isso pra eu guardar. depois disso ele subiu, um pouco com minha mãe, um pouco com minha sogra, uma tia também ajudou. No meio da festa eu fiquei sabendo que ele estava chorando, tirei o sapato e saí correndo, vestida de noiva pela garagem do prédio... foi engraçado, embora enquanto eu corria eu estava sofrendo, porque eu queria estar com meu filho! tirei o vestido, deitei na cama com ele até ele dormir. Vesti o vestido e voltei pra festa até acabar... Foi uma experiência única. E eu vim aqui contar, pra provar que dá pra ser tudo, um tanto mãe, um tanto mulher, um tanto noiva... e todo mundo fica feliz... Vejam algumas fotos (todas do Danilo Siqueira do Let's fotografia) e tirem suas conclusões.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Não sei viver no grito, no solavanco, no se vira sozinha... Não sei fingir que estou bem, sem ter plenitude. Não sei mais viver sem um amor, sem um amigo, sozinha... Por minha conta, me sentindo pesada, um peso de quilo, um peso no ombro. Não sei se isso é passageiro ou se é covardia. Mas sei que não sou covarde, me finjo covarde, mas um dia levanto, e de tanto chorar já não choro mais, e de tanto pensar fico decidida, arrumo minha mala e caio na vida. Fazia tempo... Agora voltei, pro blog, pra alma, pra vida

sexta-feira, 1 de março de 2013

Primeira virose do Bebê

Estou exausta... Nunca imaginei que poderia sentir tanto medo, tanta angústia. Gael acordou quarta feira com febre. Trinta e oito e meio. Nossa, eu fiquei desesperada, não pela febre, mas pela idade dele. Quatro meses, é muito novinho. Que medo. Sabia que os precedimentos até 3 meses eram bem radicais. MAs com 4 não sabia nada. NO funfo eu achava que nao era nada, uma virose, como a que eu tive e provavelmente ele pegou. tadinho. Qual a escolha desse serzinho, que precisa beber do meu leite e junto com ele os vírus e os anticorpos. Ele tinha consulta marcada no dia seguinte. Então aguardei, medicando e controlando. Passou a noite bem, acordou com febre. Mediquei. Passou o dia bem, até as seis. Mediquei. Fizemos exames de urina. NADA. Ufa... Ainda achava que era uma virose. A noite, no momento que acabaria a reação do remédio tirei a temperatura. TRINTA E CINCO. Oi??? trinta e cinco graus de temperatura... Meu Deus. Acorda marido (que sempre acha que tudo é normal). Ele tá gelado, suando e gelado. Liga pra mãe, a mãe também acha que está muito baixo. Ligo pro pediatra (de novo acordo o cara). Ele diz, é normal. É a febre indo embora. Dê um banho morno, coloque uma roupinha fresca e cubra com uma manta leve! Não dei o banho.. ele não acordava, e quando tentava acordar chorava... tive dó. Enrolei ele na manta, abracei bem abraçadinho, coloquei na minha cama, não dormi... Fiquei prestando atenção na respiração. Três termômetros em volta da gente... Febre a gente conhece mas esse lance de frio.. Mamou duas vezes, acho que de sede! Amanheceu bem, sem febre, de bom humor. Eu agradeci muito à Deus. Estou muito, mas muito estressada. Ontem tinha 5 prestadores de serviço na minha casa ( pedreiro, marceneiro, cortineira, minha empregada e a manicure, que eu dispensei). Acho que ele sarou!!!