quarta-feira, 6 de julho de 2016

RELATO DO PARTO DO PEDRO

Queria contar desde gestação do meu primeiro filho, porque acho que tudo está conectado, mas depois pensei que vai ficar tão grande que ninguém vai aguentar ler, rsrsrs, então vou resumir muito o antes pra chegar logo na segunda, dia 23 de maio. Meu primeiro filho Gael nasceu numa cesárea eletiva. Fomos pra cesárea porque estava com pouco líquido, com 38 semanas e 1 dia. Fiquei muito triste, porque eu queria muito um parto normal, mas não rolou e então, a cesárea não deixou ele mamar na primeira hora, não tivemos contato pele a pele, e ele ficou no berçário quase 5 horas. Eu sentia muitas dores no pós parto e tomava remédios fortes, então sentia muito sono e cansaço, ele não mamava direito, não ganhava peso e eu chorava, chorava e chorava. Passei quase dois anos num puerpério doloroso, triste, quase insano, até hoje não sei como meu marido aguentou o tranco. Eu fiquei bem louca mesmo! Mas tudo passa, e no decorrer do puerpério conheci algumas pessoas muito especiais que me ensinaram muito sobre o parto humanizado, a criação com apego e amamentação. Fiz cursos, Gael mamava ainda e mamou até dois anos e meio e eu fui me encantando por esse mundo da humanização. E quando Gael tinha dois anos eu fiquei grávida de novo. Sabia que esse bebe nasceria quando quisesse, da maneira que quisesse. E assim foi. O bebê, que era um feto até então, resolveu que não iria nascer. Por algum motivo, Olívia nossa filha do meio parou seu desenvolvimento no meu útero com 14 semanas. Desde o começo foi uma luta, uma espera sem fim. Fiquei grávida com sangramento que nunca parou, quando eu achava que tudo estava perdido, fiz um ultrason com 9 semanas e ala estava lá. Coração batendo, cabecinha e tronco. Tudo ótimo, exceto um coágulo grande. Muito repouso, muito medo, Natal, Ano novo, outro ultrason e um silêncio ensurdecedor... um nada.... um embrião, sozinho, solto numa imensidão... parou o desenvolvimento e eu chorei... muito, dias, meses... Não aceitei a curetagem, fui pra casa, e comecei a fazer várias, coisas que não fazia há dias, faxina, pegar meu filho no colo, correr com ele no parque... três dias depois, cólica, cólica, cólica e fui pro banheiro, liguei o chuveiro e lá passei quatro horas, expelindo o que era minha segunda filha. Lá, rezei, agradeci a Deus pela oportunidade, briguei com ele também por me tirar o direito de pegar minha pequena no colo.... saiu a bolsinha inteira. Sentei no chão e lá ficamos por meia hora, eu e ela... fizemos a passagem! Depois disso eu já não sabia se queria ter outro filho e oito meses depois eu e meu marido decidimos não ter outro filho. Gael já estava com quase 3 anos, as coisas estavam calmas, ele na escola, fizemos planos pra viajar, estudar, trabalhar e no mês seguinte eu descobri que estava grávida de novo! Depois do susto, que durou uma ou duas semanas, a gravidez foi desenvolvendo e eu comecei buscar uma equipe e somente com 16 semanas eu encontrei exatamente o que eu queria. Fechei com Dr Braulio, que conhecei por intermédio da enfermeira da equipe dele Bárbara Grande (uma pessoa encantadora, muito competente e de um coração maior que o mundo). Para falar rapidamente da escolha da equipe (quem quiser pode pular pro próximo parágrafo), eu conheci o Alexandre Coimbra Amaral, através de um contato virtual de uma mulher incrível, a Anne Sobota, que me disse que “se eu quisesse aprender sobre humanização ELE era o cara” então, eu fui fazer um curso, que virou uma vivencia, que na minha opinião, foi mais importante do que minha formação na faculdade, me ensinou muitas coisas, me apresentou muitas pessoas incríveis, e lá eu conheci a Barbara, Enfermeira Obstétrica e já me apaixonei por ela. Ano mais tarde fizemos outro curso juntas, com o Alexandre (Xande) e fiquei sabendo que ela estava trabalhando com o Dr Braulio. Nesse segundo curso conheci a Isadora, terapeuta em Body Talk, que me identifiquei muito. Na minha cabeça, se eu tivesse outro filho estava muito resolvido que minha equipe tinha que ter passado por algum curso, ou algum contato com o Xande, como que se, sem ele a pessoa não seria completa... tinha que ter um algo de Xande na minha equipe! Minha primeira opção de doula era e sempre foi a Ligia. Minha amiga, com quem trabalhei, conversei, me abri... massssss, Deus quis que Pedro e Yara fossem amigos, e assim, mandou os dois ao mesmo tempo... ela estava gravida com DPP bem próximo ao meu, acho que eles nasceram com menos de 10 dias de diferença, e então, chamei a Isadora, terapeuta, humana, pintora de barrigas e Doulaaaaa! Um aparte para dizer que, a doulagem da Isa incluía sessões de Bodytalk, As vezes o corpo, que deveria ser um relógio, trava... engripa! Então, o bodytalk vai desengripando, vai encontrando nós e os desfazendo, é “um processo terapêutico quântico que trabalha com a escuta da inteligência inata do corpo e das informações armazenadas nas células”. Oou seja, foi incrível colocar tudo no alinhamento, cabeça, corpo, espirito, emoções. Eu realmente estava me preparando para parir. No terceiro trimestre descobrimos que o Pedro era um bebê GIG (grande para a idade gestacional) e então fui informada pelo GO sobre as possibilidades e riscos. Induzir seria uma forte possibilidade. Eu sentia muitas dores, contrações, mas não ritmavam, só incomodava, não me deixavam dormir direito. E então, após dois ultrassons que confirmaram que com 38 semanas ele já pesava mais de 4 quilos. Tentamos dar uma forcinha e o Braulio deu uma descoladinha de membrana no consultório (doeu bastante). Não tinha nem sinal de nada. Uma semana depois e nada... só cólicas, dorzinhas e nada. Eu fiquei triste, irritada... chorava... não queria induzir, tinha medo da dor. Fomos na consulta e 3 dedos de dilatação! Eu feliz... mas nada de TP....Achei que o fato do meu filho mais velho estar em casa estava travando o parto, por que eu estava muito preocupada com ele, onde ele ficaria, como ele ficaria, e se fosse de madrugada, tirar ele de casa as pressas... então numa quinta feira, mandei ele pra casa da minha mãe e fui fazer acupuntura para tentar induzir naturalmente! Passou o final de semana e nada.... acupuntura, mais muita reza e chás e caminhadas e banhos quentes, e segunda feira, decidimos induzir (39 + 1). No consultório já estava com 4 cm de dilatação e o colo estava propício para a indução. Dr Bráulio terminou de descolar a bolsa. Cheguei no SL perto de duas da tarde, mas como era semana de feriado estava lotado, só consegui um quarto as 17, e isso porque a Barbara deu uma chamada no pessoal. Enfim, logo começamos com a ocitocina e as contrações começaram imediatamente. Mas eram leves, algumas mais doloridas, mas bastante suportável. Onze horas paramos a ocitocina fizemos um toque e estava igual, e o bb estava alto, mas o colo estava bem molinho. Dormimos. A Barbara num sofá, meu marido em um colchão e quando deu duas horas as contrações me acordaram. Elas começaram a vir doloridas, e eu dormia entre elas, um cochilo, até que começaram a vir mais fortes e eu resolvi levantar pra andar, pra ele descer. Logo meu marido levantou pra me ajudar, porque eu comecei a gemer mais alto. Seis da manha voltamos com a ocitocina. mas eu já estava com bastante dor, chamei minha doula (que já tinha passado lá a noitinha e feito uma sessão de bodytalk e reiki). Era aniversário da minha mãe, e eu me perguntei se gostava ou não desse fato. As dores aumentaram consideravelmente, mas o cardiotoco não marcava as contrações como boas, e eu ficava frustrada, porque doía muito e como podia não aparecer na maquininha??? As dores aumentaram e eu estava enjoada, vomitei duas vezes, e acho que depois disso fizemos um toque e estava com quase 7!!! Eu já estava em pé desdás 4, se eu sentava e a contração vinha era muito mais dolorido, então eu resolvi ficar de pé direto. As dores estavam bastante fortes e colocar camisolinha e sentar na cadeira de rodas era uma tortura. Graças a Deus as contrações deram uma tréguinha até chegar na sala de pré parto. Cheguei lá e já fui pro chuveiro, em seguida a Isadora (doula) chegou, depois apareceu Oswaldo, que tinha ido tomar café e a Barbara. Daqui pra frente já não sei muito as ordens das coisas. As dores vinham com muita força e não iam embora. Eu ficava com dor o tempo todo, ela aumentava muito e diminuía, mas não parava. Isadora entrou praticamente no chuveiro comigo e ficou segurando o chuveirinho na minha lombar as vezes eu pedia pra colocar na minha barriga. Acho que era umas sete e meia mais ou menos. Durante uma hora aproximadamente eu controlei muito bem as dores. Quando a onda vinha eu dava três respiradas profundas e ela melhorava muito. Eu ia vocalizando e estava totalmente sintonizada com elas. Cada vez que eu me acostumava com a dor ela aumentava, e quando aumentava me dava um certo desespero, e então eu ia me familiarizando com ela novamente. Eu ia conhecendo a intensidade, a duração, e quando parecia que eu ia dar conta dela, aumentava. Nesse momento eu pensei muito no meu filho mais velho. Se ele ia sofrer, se eu ia conseguir ser a mesma mãe com ele, se eu ia dar conta, se eu ia amá-lo do mesmo jeito que antes. Eu tentava me conectar com meu anjo da guarda, com meus ancestrais e não conseguia. E então me veio na cabeça que, há 64 anos atrás, minha avó que eu não conheci, estava em trabalho de parto pra dar a luz a minha mãe. Aqui abro um parêntese pra falar rapidamente de uma crença de família. (A avó da minha mãe, deu a luz a duas meninas, gêmeas, e a segunda menina nasceu com fórceps. Minha bisavó não resistiu ao parto difícil e morreu. Minha avó sofreu a vida inteira com crises epiléticas por conta desse nascimento – essa é a história que a família acredita, não eu, pra mim o fato e outro, mas, enfim...para essa família, parto normal não é seguro, ele mata e deixa sequelas). Nessa família que não curte o parto normal, eu era a primeira mulher a parir depois dessa avó! E no mesmo dia em que ela pariu sua primeira filha! Isso me deu muita força e me emocionou demais. Me lembro de ter dito isso pra Isadora! (há 64 anos minha vó estava em TP tb). Outra coisa que acontecia era que, quando a contração vinha eu precisava estar em contato visual com o Oswaldo. De preferencia tocá-lo. Se ela viesse e ele não estivesse no banheiro a dor era quase insuportável. De repente a bolsa rompeu! E então, a dor aumentou, muito, e eu me desesperei, muito. Junto a isso o acesso da ocitocina saiu da minha mão, e eu me desesperei mais ainda, porque se tivesse que pegar outra veia eu não ia aguentar, ficar parada. Eu pedi pra não por, e a Barbara me alertou sobre a possibilidade do TP perder um pouco a força e se isso acontecesse ia ter que colocar. Não aconteceu, pelo contrário, aquela dor agora aumentava mesmo antes de eu me acostumar com ela. E junto dela vinha um desespero, parecia que eu ia morrer... Estava durando quase um minuto, e eu não conseguia mais controlar a respiração, eu dava três respiradas longas, na quarta eu começava a gritar, a chorar, a chamar marido, a pedir pra parar... Lembro da Isadora fazendo bodytalk e pedindo permissão pra abrir o colo e Pedro descer, e quando eu disse ok a dor veio imensa... eu chorei. E nessa hora eu já estava cansada, com fome, com dor nas pernas e nas costas de tanto tempo em pé. E aquele medo da morte que não passava. Mas não era medo de morrer, era um medo de morte... quando Pedro já estava com 15 dias eu percebi que medo era esse. Eu tinha medo de perde-lo! Meu corpo estava pedindo pra eu fazer força, pra eu agachar, ele estava pedindo pra nascer mas ali, no chuveiro, olhando para o ralo me remetia a perda do meu bebe (Olívia). Era como se ele fosse sair e escorrer pelo ralo. Como eu não conseguia identificar isso, eu só me desesperava. Então eu perguntei pra Barbara se eu podia tomar anestesia, e ela disse que sim, mas que não era isso que eu queria. A Isa disse que não ia dar tempo e isso me animou um pouco. Então eu pedi pra ir pra banheira e o delivery estava sendo limpo e eu só pensava na banheira pra ver se a dor melhorava. Barbara fez um toque e deu 9!!! Caracas, estava quase.... e então o Braulio entrou... nossa... as dores continuavam mas por um momento o tempo parou. Se ele chegou tava perto, eu pensei. Ele veio bem perto do meu rosto e disse que estava indo bem, que estávamos com 95% completos e que faltava pouco, então nós fomos pro delivery e eu já queria entrar na banheira (que eu nem vi a cor). Bráulio me disse que lá iria ser um pouco incômodo, ter que ficar saindo pra ouvir o coração do Pedro. Me ofereceu o banquinho e o ferro da cama pra me apoiar. Me deu vontade de fazer força, força de coco. Marido sentou atrás de mim e quando vinham as dores eu levantava, e gritava muito, e parecia que ele não ia nascer. E eu perguntava pra ele se não dava pra puxar (doida). E então ele me mostrou o espelho e eu vi a cabeça dele. Me deu um alívio e ao mesmo tempo um desespero. Ele estava lá, já dava pra ver, mas eu já estava tão cansada e com tanta dor que eu não sabia se conseguiria fazer mais força ainda. Em seguida, comecei a sentir arder, era o círculo de fogo. Me lembro de ouvir alguém dizer que a Silvia (neonatologista) chegaria em 20 minutos e tive a impressão de também ouvir que eu não ia esperar, não sei se alguém disse ou se fui eu mesma quem disse, só sei que eu comecei a fazer força... loucamente! Me esticava e gritava e fazia força até o ar acabar, com raiva, não de alguém, mas de estar ali, sentindo dor, como se alguém fosse culpado dele ainda não ter nascido. Braulio me acalmava e me dizia que tava perfeito. E então ele desceu, e o Bráulio disse coloca a mão e a cabecinha dele tava lá. Dava pra sentir... eu fiquei feliz e ao mesmo tempo desanimada porque eu já tava tão cansada que eu achava que não conseguiria fazer força. Mas eu conseguia, simplesmente fiz força, como se não houvesse amanhã. Pensei, se lacerar costura, mas eu não aguento mais, e então fiz força e ele veio. Não dá pra descrever exatamente o que senti na hora. É algo inexplicável. Um barulho que se faz por dentro seguido de um silêncio, é um virar do avesso, passar num túnel... Não é uma sensação, é um sentimento sem nome... não é dor, não é medo, não é amor... é vida, é força, é poder, é Deus falando dentro da gente sem usar nenhuma palavra. Em seguida do nascimento a Silvia chegou, dizendo que ele estava bem. Depois do nascimento tive um pouco de hemorragia, então a Barbara colocou ocitocina de novo pra parar. A placenta demorou a sair, mas depois saiu. Eu tomei alguns bons pontos, mas Pedro nasceu, com 53 cm e 4560kg. E foi tudo do jeito que eu quis, um parto natural, sem intervenções, sem anestesia, Pedro mamou por quase duas horas... Infelizmente TEVE que passar pelo berçário porque nasceu muito grande e poderia ser diabético. Mesmo a Silvia (neonatologista) dizendo que ele não era não adiantou. Foi bem rápido e logo estava no quarto. Em pouco mais de 24 horas estávamos em casa. E só depois de escrever que eu vi a gravação e então notei que o expulsivo foi mais rápido que eu pensei, pra mim tinha durado 2 horas, mas acho que foi 40 minutos, pela gravação. E que a ordem está bagunçada, mas eu não mudei porque o que vale é a minha sensação. De tudo que aconteceu eu só me arrependo de não ter tirado uma foto com a equipe! Se eu tivesse mil filhos eu os teria com essa equipe! Agradeço-os imensamente, infinitamente... eles foram sensacionais! E meu marido, foi incrível, companheiro, paciente, depois que descemos, né amor? Antes acho que ele não tava botando fé que ia engrenar! :P Deus... obrigada! BB: Pedro Mãe: Juliana Pai: Oswaldo Irmão: Gael Equipe: Dr Bráulio Zorzella (GO) Bárbara Grande (EO) Dra Silvia Maia (Neonatologista) Isadora Ribeiro (Doula)

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