segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

TECENDO SUA HISTÓRIA

Quando eu fui mãe pela primeira vez, me senti num limbo. Já retratei essa situaçã mitas vezes em variadas situações. Nesse texto somente vou dizer que foi difícil, que precisei buscar ajuda, médica, psicológica e espiritual. Assim que consegui dar uma respirada, fui estudar o assunto. O que era esse tal puerpério? E percebi que muitas mas muitas mulheres passam por esse lugar, nebuloso, sombrio, frio, amedrontador e sai dele sem entender o que foi aquilo. Sem retirar dele o que ele tem de bom pra dar. Pode parecer estranho, mas na minha concepção de vida, tudo nos ensina, e aquilo que nos causa dor ou desconforto pode ser nosso melhor professor. Nós, mulheres, que nos tornamos mães por querer ou por desleixo (contém irônia) não somos legitimadas a sofrer pela maternidade. Quando uma mãe reclama do peso e do cansaço, é vista como malagradecida, ingrata, egoísta. Afinal, tanta gente querendo ser mãe e você reclamando? Ou, seu filho é lindo e saudável, é pecado você reclamar. Mas o que as pessoas não entendem é que não estamos "reclamando" da maternidade. Que ser mãe num cenário onde todos se ajudam, se acolhem, se respeitam seria maravilhoso. Mas essa quase nunca é a realidade materna. Meu caso, e da imensa maioria de mães que eu atendi e ainda atendo, é solitude, deserto, desespero e medo. Falaremos disso em outra oportunidade. Mas, ainda no puerpério, li sobre um tal provérbio africano onde se diz que é preciso uma vila inteira para se educar uma criança, e assim, eu imaginei, um lugar onde as mulheres pudessem encontrar outras mulheres, umas com filhos e outras não, as que não tivessem filhos poderiam ajudar as que tinham, e as que tinham poderiam relaxar um pouco com a ajuda das outras. Sim, eu conheci um lugar assim, e se chamava "casa girafa" de onde eu trago grandes amigas que eu amo, mas, a casa girafa fechou. Fato é que, quando eu frequentava a casa girafa, já fazia uns atendimentos terapêuticos por lá, um projeto começava a nascer, e nas terras da Bahia, numa viagem que fiz com minha mãe, já no quarto ano de um segundo puerpério, eu avistei uma aranha tecendo uma teia. Eu estava sentada numa rede e conforme a rede balançava a teia sumia, e aparecia, ora eu via só a aranha, ora eu via ela e a teia. E então, eu pensei: "olha só, a aranha está tecendo sua teia, onde ela irá morar, colocar seu ovo, nascer seus filhotes. Dependendo do meu ponto de vista, só existe a aranha, se mudo o lugar que eu olho tem a casa toda dela, a maneira de tecer, de fiar sua história. E então, como que um sussurro me soprou... "Tecendo sua História". Nascia um projeto, em 2019, setembro, em Arraial d"Auda, um dos lugares mais mágicos para mim... onde o objetivo é auxiliar as mulheres a escreverem suas histórias, com informação, conhecimento e propriedade. Entendendo de onde veio e sabendo para onde quer ir. Se apropriando de seu protagonismo, entendendo que ninguém nunca será responsável por sua infelicidade. Que quando ela acredita que alguém é o causador de sua dor, de seu problema, ela também deixa de ter o poder de resolvê-lo, e isso é ilusão, comodismo. Tecendo Sua história é o projeto de uma vida mais feliz, mais segura, onde eu entendo que eu sou a única pessoa capaz de mudar a minha vida e minha história. Que ninguém pode querer por mim, eu não mudo ninguém, então ninguém pode me mudar, apenas se eu permitir. Quantas de vocês não trazem uma visão de voês que não foi construída por vocês? Crescemos escutando que somos isso, ou aquilo, que fazemos bem isso e mal aquilo, e não paramos para observar se isso faz mesmo sentido. Nossas dores nascem de questões que muitas vezes não estão conosco, nem são nossas. Ou muitas vezes deixamos de fazer o que sonhamos a vida toda porque alguem disse, fez, ou deixou de fazer algo. Não fazemos dieta porque na nossa casa todos comem doce, não fazemos faculdade porque precisamos ajudar nossos pais a pagar as contas e precisamos trabalhar, não dançamos ballet porque temos a perna muito grossa, enfim, a culpa (motivação) nunca é nossa, sempre do outro. Não. Eu não faço dieta porque eu tamebm quero comer os doces, não faço faculdade porque se me tornar independente vou quebrar minhas lealdades familiares e não danço ballet porque eu tenho vergonha do que vão pensar de mim. Eu eu e eu. Se eu saio do lugar de vítima e vou pro lugar da pessoa que pode resolver, eu sou única e totalmente responsável pelo sucesso ou fracasso dos meus objetivos! Hoje eu assistia uma aula da Filósofa Lucia Helena Galvão na internet e em um trecho ela dizia mais ou menos assim: " nós viemos ao mundo para falar uma palavra, aquela palavra sagrada que só nós podemos falar, e antes de tombarmos precisamos dizê-la, porque viemos para esse mundo, somente para fazer isso. Dizer a palavra sagrada". Dentro do contexto da aula dela, isso significa que, cada um de nós viemos para esse mundo para fazer algo. Algo que somente nós sabemos. É aquilo que sua alma clama, aquilo que você anseia, deseja, ama... escrever, correr, cantar, pintar, falar, construir, qualquer coisa que só você sabe. É algo que já vem combinado... "vai lá e faz ISSO", sirva ao seu propósito! Mas, as pessoas se boicotam, deixam que os outros ditem o que é "melhor" para elas... não ... não vamos mais fazer o que é melhor na visão do outro. Vamos olhar para dentro, vamos escutar o que nossa alma pede... vamos dar ao mundo o que ele espera de nós. Tecendo sua história... você, autora da sua biografia. Mergulhe profundamente em si mesma, pergunte, escute a resposta e viva a sua verdade.

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